Celebrar a Solenidade de Corpus Christi é a oportunidade para reafirmamos a nossa fé na Eucaristia, ação de graças, presença viva do Cristo nas espécies do pão e do vinho, como também é oportunidade de refletirmos sobre a ação deste sacramento de Amor em nossa vida de cristãos. A festa que remonta ao século XIII, ressalta o lugar central que a Eucaristia deve ocupar em nossa comunidade eclesial e em nossos corações. Minha participação na Eucaristia produz em mim algum efeito? Pensando nesta pergunta, lembramo-nos da palavra “simbiose”, que quer dizer, entre outras coisas, associação e entendimento íntimo entre duas pessoas. É exatamente este movimento que deve acontecer em nossa vida cristã, cada vez que nos aproximamos da mesa eucarística.
Santo Afonso de Ligório compreende bem esse movimento de íntima união e sadia dependência. Para falar sobre a Eucaristia, não poupa sentimentos e afetos, sua linguagem é apaixonada e ardente, porque reconhecimento do amor real que acontece entre Deus e o cristão: “O amor sempre tende para a união. Por isso quis Cristo que o recebêssemos como alimento, pois as pessoas que mais intensamente se amam, desejam estar juntas até fundir-se em uma só”. Pela nossa participação no banquete eucarístico, realiza-se nossa comunhão plena com Cristo, que se expande na relação com o próximo e com toda a humanidade. Todos são convidados para participarem da ceia eucarística, especialmente os mais explorados e excluídos de nossa sociedade, realização da promessa do Reino que já se adianta. Estamos ligados pelo “pão da vida”, por isso, em qualquer lugar onde participamos do sacrifício eucarístico, sentimo-nos em casa, numa única família.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 56). Esta palavra deve ser assimilada com fé cada vez que recebermos a eucaristia, para que, desta forma, tornemo-nos consanguíneos de Cristo, enxertados em seu próprio corpo, formando o mesmo ser “crístico”, como dizem os padres da Igreja. O corpo de Cristo é formado de toda vida cósmica, de todo trabalho humano. Cada vez que comungamos, realiza-se uma união não somente afetiva, mas efetiva e real com Cristo, que em nenhum outro momento experimentamos tal comunhão de Amor: “De tal forma Jesus penetra a alma e se assemelha ao corpo, que já não somos nele senão uma só e mesma coisa”, diz Santo Afonso. Ao tornar-se pão, alimento de divinização e força de ressurreição, sua vida divina penetra nossa humanidade, configurando-a a si próprio.
O significado da Eucaristia parece estar bastante obscurecido ultimamente. Muitas vezes esquecemos o significado primeiro da Eucaristia. Quando nos reunimos ao redor da mesa para comungarmos pão e vinho transformados em Corpo e Sangue, esquecemos que pão e vinho são também alimento, portanto a Eucaristia é o meio pelo qual nos comunicamos, nos fazemos irmãos uns dos outros, nos humanizamos. Alimentamo-nos não de um pão comum e cotidiano, mas do Corpo e Sangue de Cristo plenificados, que dão sentido novo para a existência, realizando a nossa união íntima com Jesus, tornando-nos um só corpo e uma só carne.
A comunidade é integrada no Corpo de Cristo, por isso, ninguém pode ficar fora desta comunhão. Por mais que sentimentos de indignidade ou de culpa pareçam querer nos afastar da comunhão eucarística, não nos esqueçamos deste conselho de Santo Afonso: “E se te vires frio nesse amor, não te afastes por isso da eucaristia. Quem, por estar sentindo frio, quer afastar-se do fogo? Confia-te totalmente à misericórdia do Senhor, pois quanto mais enfermo se encontra alguém, tanto mais necessidade tem de médico”.
Rodrigo Costa
Fonte: http://www.provinciadorio.org.br/artigo
Rodrigo Costa
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