segunda-feira, 14 de abril de 2014

LEGIÃO DE MARIA - PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO



Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo (Jo 17, 24)                                 

Amado irmão e irmã, aproximam-se os dias em que vivenciaremos em Cristo aquilo que experimentamos no decorrer de nossa vida. Trata-se da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Mestre. O mistério de nossa vida ganha sentido quando ampliamos a nossa capacidade de compreender as relações humanas e captamos que, estando em comunhão com Jesus, adentramos no santuário sagrado de Deus.

O Tríduo Pascal apresenta para nós, com intensidade, o drama de toda a vida de Jesus. É Deus quem se rebaixa à condição humana, conforme nos diz São Paulo na carta aos Filipenses 2, 7-9. Ao assumir a nossa fragilidade, Jesus abraçou as realidades que enfrentamos no cotidiano e nos ensinou a não fugir das tentações, mas a enfrentá-las. Nosso Senhor não foi poupado de ironias, sarcasmos e inveja. A sua profunda intimidade com o Pai lhe possibilitou o equilíbrio emocional para lidar tanto com os que o desprezavam quanto com os que o amavam de forma sensata e perspicaz.

Em nosso dia a dia, nos deparamos com pessoas que nos amam e com outras que não nos amam como gostaríamos. Os ensinamentos de Jesus acerca do amor sem limites exigem amadurecimento de cada cristão, a fim de que seja uma pessoa equilibrada como o Mestre. Essa exigência nos faz pessoas dialogáveis e amorosas. Entretanto, vendo a realidade ao nosso redor, percebemos que muitos cristãos e cristãs ainda não experimentaram a Kenosis, ou seja, não assumiram a sua humanidade. Em termos concretos, assumir a humanidade é reconhecer que somos todos iguais, independente do sexo, da cor, da cultura etc.

Os dias sagrados da Semana Santa já não mobilizam mais os cristãos e a sociedade como em tempos passados. Infelizmente, mais uma vez o culto exagerado ao dinheiro, com suas ofertas sedutoras, retira as pessoas do recolhimento espiritual e transforma tudo em festa, consumo e ostentação. Contudo, cada um de nós experimenta, no decorrer do ano, dias de silêncio, solidão e dor. Isso se dá quando somos discriminados, injustiçados, desrespeitados, quando nos deparamos com a doença de alguém próximo a nós ou quando falece alguém que a gente ama muito. É dessa forma que a Paixão de Jesus é vivida por cada um.

A maior festa judaica e cristã é a Páscoa. Para os judeus, é a celebração da libertação da escravidão no Egito; e para nós, cristãos, é a celebração da libertação da morte. Em Jesus, que se rebaixa à condição humana, inclusive na morte, e morte violenta, está a nossa grande esperança: a vitória da vida sobre a morte. A ressurreição é a certeza de que vale a pena nos esforçarmos e até nos sacrificarmos para gerar e facilitar uma convivência harmoniosa entre as pessoas.

Ao contemplar Jesus de Nazaré nos dias fatídicos que antecedem a sua morte, deixo um apelo para você: seja solidário com quem sofre. Busque se colocar junto do Mestre, que serve a todos sem distinção. Sinta o coração amoroso dele no seu e também a angústia que lhe perpassou a alma. Penetre com seu olhar a realidade crua do mundo que conspira contra você, mas não fique paralisado e nem caído debaixo da cruz. Levante-se de suas quedas, pois você não é perfeito. Busque o perdão, como Pedro. Não se desespere, como Judas. Sempre existirá um Simão Cirineu para auxiliá-lo.

Enfim, faço um convite delicado: esteja com o Cristo onde ele estiver – Jardim das Oliveiras, sinédrio, prisão, calvário etc. Deus, em sua extrema benevolência e gratuidade, não poupará meios de estar ao seu lado, onde você estiver, mesmo que você não esteja mais sentindo, como aconteceu com Nosso Senhor quando foi retirado da cruz e colocado no colo de Maria, nossa amada mãe do céu. Saiba que, quando tudo parecer perdido, a luz da passagem para uma vida melhor começará a brilhar. Sem a escravidão do ser humano, ele estará livre para viver a Páscoa. Essa liberdade iluminada e redentora é a vida, que começa na terra e se plenifica na eternidade de Deus!

Pe. Luís Carlos de Carvalho Silva, CSsR


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