segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

GLÓRIAS DE MARIA II



No dia 25 de outubro de 1784, uma das celas do convento redentorista de Pagani abrigava o padre Afonso de Ligório, encurvado pela artrose, ouvia atentamente o Irmão Romito ler para ele um livro de piedade.  Mas, de repente,interrompeu a leitura: "Irmão, quem é o autor desse livro tão belo sobre Maria? O Irmão sorriu levemente e leu: "As glórias de Maria", pelo ilustríssimo Dom Afonso de Ligório. Padre Afonso ficou um instante com os lábios entreabertos, ligeiramente desconcertado e disse: "Meu Deus, eu vos agradeço o terdes me inspirado essa obra em honra de vossa Mãe Santíssima. Como é bom, às portas da eternidade, poder pensar que fiz alguma coisa para semear nos corações a devoção a Maria!"

A obra de Santo Afonso é de rica em citações sobre os atributos da Mãe de Jesus, "elevada em dignidade de Mãe de Deus".  Encontra-se na parte I do livro  a explicação da Salve Rainha, que tem como autor Hermano Contracto (1054), monge beneditino do convento de Reichenau, no largo de Constança. Em 1239 o Papa Gregório IX introduziu este cântico nas Igrejas de Roma.  No começo o hino dizia: Salve Rainha de Misericórdia.  No século XVI foi introduzida a palavra mãe. Desde então se lê no Breviário romano: Salve Rainha, mãe de misericórdia.


Maria é Rainha
Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que de todos seja honrada com título glorioso de Rainha.  Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz S. Bernardino de Sena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas.  Se a carne de Maria, concluiu Arnoldo, abade, não foi diversa da de Jesus, como, pois, da monarquia do Filho pode ser separada a Mãe? Por isso deve julgar-se que a glória do reino não só é comum entre Mãe e o Filho, mas também que é a mesma para ambos.
Se Jesus é Rei do universo, do universo também é Maria Rainha, escreve Roberto, abade. De modo que, na frase de S. Bernardino de Sena, quantas são as criaturas que sevem a Deus, tantas também deve, servir a Maria.  Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do céu e da terra, porque tudo está sujeito ao império de Deus

Maria é Rainha de Misericórdia
Maria é, pois, Rainha.  Mas saibamos todos, para consolação nossa, que é uma Rainha cheia de doçura e de clemência, sempre inclinada a favorecer e fazer bem a nós, pobres pecadores.  Quer por isso a Igreja que a saudemos nesta oração com o nome de Rainha de Misericórdia.  A magnificência dos reis e rainhas consiste em aliviar os desgraçados, diz Sêneca.  Enquanto que os tiranos governam tendo em vista seu interesse pessoal, devem os reis procurar o bem de seus vassalos.
Devem, pois, os reis principalmente empregar-se nas obras de misericórdia, mas em omitir, quando necessária, a justiça para com os réus.  Não assim Maria. Bem seja Rainha, não rainha de justiça, zelosa do castigo dos malfeitores.  É  Rainha de Misericórdia, inclinada só a piedade e ao perdão dos pecadores.  Por isso quer a Igreja que expressamente lhe chamemos Rainha de Misericórdia.

Maria é Rainha da Misericórdia até para os mais miseráveis
Podemos, porventura, temer que Maria desdenhe empenhar-se pelo pecador, poe vê-lo tão carregado de pecados? Ou acaso nos devem intimidar a majestade e a santidade desta grande Rainha? Não, diz o Papa S. Gregório; porque quanto ela é mais excelsa e mais santa, tanto é mais doce e mais piedosa para com os pecadores, que se querem emendar e a ela recorrem.
Nela não há nada de terrível e severo.  É toda benigna e amável para os que a procuram.  Maria não só dá quanto lhe pedimos, mas ela mesma nos oferece a todos nós leite e lã.  Leite de misericórdia para animar-nos à confiança, e lã e refúgio para nos defender dos raios e da justiça divina.


Fonte: "Glórias de Maria", S. Afonso de Ligório. Ed. Santuário

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

EPIFANIA - ALOCUÇÃO



"Hoje celebramos a Epifania do Senhor, (Epifania é uma palavra grega que significa a entrada poderosa, solene de um rei ou imperador, à vista e à percepção de todos). No Cristianismo o imperador é adorado, e esse imperador é o Senhor. 

Na imagem do presépio vemos os magos com três presentes. Na leitura de Isaías (60,1-6) não é citado a mirra, ("...trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor."). A mirra era usada para a preparação do corpo para o sepultamento, e nos lembra que o menino que nasceu é rei, que teria a experiência da morte, sofrimento, dando a vida por nós. 

Hoje já damos início a Páscoa. A nossa vida é lembrada pelo nascimento e batismo, mas também temos que lembrar dos muitos cristãos que dão a vida por Cristo, e que nós também podemos,  a semelhança de Cristo, ir até o martírio. 

Nós também podemos ir a esse martírio. Podemos não gostar de ir, por exemplo, ao cemitério, mas é um trabalho. Igualmente bater nas portas das casas, a vergonha deve ser deixada de lado. Assim somos convidados a dar a vida por Cristo. 

Os magos viram a estrela e foram adorar, e vivendo a Epifania somos chamados a adoração ao Cristo. Precisamos viver o sacrifício e o apostolado, para sermos exemplo de vida. 

Nesse momento pedimos que possamos adorar a Cristo, superar as falhas, viver um sacrifício e uma oração diária."


Padre Fábio Siqueira - Diretor Espiritual Senatus RJ 
Alocução 05/01/2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

ANO LITÚRGICO ** - CONTINUAÇÃO


Quaresma (do latim quadragesima dies: quadragésimo dia) é tempo forte de conversão e oração, tempo de mergulho espiritual e preparação para a principal festa do cristianismo – a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada na Páscoa. Inicia-se na quarta-feira de Cinzas e termina na manhã da quinta-feira Santa. Sua cor é a roxa.

Chegamos à centralidade de nossa fé: o Tríduo Páscal! Ele começa com a ceia do Senhor na Quinta-feira Santa, na sexta-feira se faz memória da paixão e morte de Jesus e no sábado à noite temos a solene Vigília Pascal. No domingo festeja-se a ressurreição do Senhor. A solenidade desse Domingo se estende por oito dias, em seguida vivemos o tempo pascal que culmina com a Festa de Pentecoste.

Por fim, após a Páscoa, temos a segunda parte do Tempo Comum, tempo de viver a espiritualidade do Reino de Deus. Começa na segunda- feira após o Pentecostes e vai até o sábado anterior ao 1º domingo do Advento. Como na primeira parte, usa-se a cor verde. E não é só isso – o ciclo anual litúrgico, criado para uma melhor disposição das leituras bíblicas na liturgia, está dividido em três: Ano A, Ano B e Ano C. O Ano A tem leituras próprias do evangelista São Mateus, que sugere um discipulado comprometido com a Justiça. É o ano que estamos vivendo agora, que foi iniciado no último Advento. O Ano B, orientado pelo evangelho de São Marcos, mistura catequese e espiritualidade, fazendo-nos descobrir quem é Jesus e quem somos nós, os seus seguidores. O Ano C, voltado ao evangelho de São Lucas – da misericórdia e da paz – nos faz percorrer com Jesus a demorada e teológica viagem até Jerusalém. Temos, ainda, as leituras do evangelista São João, que são dispostas no decorrer de todos os anos, em alguns domingos do Tempo Comum e em algumas festas.

É muito importante compreendermos toda esta complexa dinâmica, pois o ano litúrgico não é um simples calendário, ao qual estão ligadas celebrações religiosas; antes, é a representação da presença sacramental-ritual do próprio Cristo em nossas vidas.

Como é rica e bela a nossa liturgia católica!


 Sônia Braga

ANO LITÚRGICO *


Ano Litúrgico: Tempo de Graça

Cheios de novos projetos e muita alegria, chegamos a 2014! Bem diferente do ano civil, que começa em 1º de janeiro, é o chamado ano litúrgico de nossa Igreja Católica. Para que a História da Salvação, contida nas Sagradas Escrituras, nos seja apresentada e celebrada em todos os seus mais altos pontos, nossa liturgia é vivida com base em dois polos – o Natal e a Páscoa. Para entendermos bem, vamos ver a sequência dos “tempos” do ano litúrgico em sua ordem cronológica.

Tempo do Advento (do latim adventus – chegada) representa o início do ano litúrgico. Começa quatro semanas antes do Natal e termina na tarde do dia 24 de dezembro. É um tempo de expectativa e preparação para celebrar o nascimento de Jesus. A cor litúrgica utilizada é a roxa ou o rosáceo.

Em seguida, temos o Tempo do Natal, que começa na véspera do dia 25 de dezembro e se estende até o Batismo do Senhor. É quando celebramos também a Sagrada Família (1º domingo após o Natal); a Santa Mãe de Deus, Maria (dia 1° de janeiro); a Epifania (Manifestação) do Senhor (2º domingo após o Natal) e o Batismo de Jesus (3º domingo após o Natal). A cor litúrgica é a branca.

Tempo Comum, o mais longo do ano litúrgico, se divide em duas partes, sendo a primeira iniciada na segunda-feira após o Batismo de Jesus, com fim na terça-feira que antecede a quarta-feira de Cinzas. Diferente do nome (Comum), este tempo se revela muito especial, pois anuncia a construção do Reino de Deus na simplicidade de nossa vida cotidiana. É tempo de viver a esperança – a cor litúrgica é a verde.

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Sônia Braga

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

MARIA MÃE DE DEUS E DIA MUNDIAL DA PAZ


Inicia-se o calendário civil, nova linha no tempo que marcará possibilidades de por projetos em andamento, rever objetivos ou criar um, bom para si mesmo e para o outro também, ainda que na contramão da correnteza do individualismo. Tempo novo de se almejar conquistas. 
Maria um dia abraçou o projeto de Deus, iniciando para ela e para a humanidade uma nova realidade. Do ventre da mulher escolhida pelo Senhor, nasceu a salvívica boa-nova em Jesus Cristo. Após oito dias de seu nascimento, o menino foi circuncidado, conforme a tradição judaica, e lhe foi dado o nome de Jesus, segundo o anúncio do anjo. 
Fundamentos encontrados para a liturgia da Igreja que celebra a solenidade Maria Mãe de Deus. Contempla-se a figura daquela que entregou seu sim, sem medidas, ao Altíssimo; contempla-se sua participação fundamental no mistério da Encarnação. Pelo seio da Virgem, corpo e alma do filho de Deus uniram-se verdadeiramente. 
Aclamemos a maternidade divina de Maria: Salve, Sancta Parens!
Comemora-se também o Dia Mundial da Paz, criado pelo Papa Paulo VI em 1967. Ele propôs que o ano se iniciasse com a união de todos os povos, das diversas crenças, essencialmente amigos pela paz. A paz entendida como um bem primário essencial.
Recorramos à intercessão de Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz, a fim de desejarmos ardentemente o dom da Paz.
Shalom!
Maria Eulália Mello