O divino em berço humano
Notícia alegre, boa nova: nasceu um menino, Deus conosco.
Sua presença, como fonte cristalina, espalhou-se sonora, acordando corações,
despertando naturezas. O meio da noite, do céu da existência, das sombras da
vida, brilhou feito estrela de luz eterna. Veio, de fato, como boa nova, unir
céu e terra na alma de gente. Dos altos céus, desceu o divino; da terra baixa,
elevou em dignidade a frágil espécie humana. Em quais condições? Nem mesmo
preciso foi, um berço importante. Bastaram feixes, palhas de Maria e de José,
porque de graça ele desceu. Sem querer coisas; preferiu corações. E chegou para
todos, sem reservas ou grandezas; pequenino e acessível. Nasceu, em chão
despido, de coração humilde, Deus de amor.
De carne, perecível, habitou o mundo dos homens. Morada que
nunca mais abandonou. Graça sem fim, fonte vital, florescer do bem. Jesus,
pequenino, de infância renovada em gestos bondosos. Meninice celestial, brisa
de frescor benfazejo. Verdadeiro alívio para lidas já cansadas; coragem dos
desanimados. Sentido aberto para vidas dispostas. Oh! Inesgotável manjedoura,
envolta de esperança tão criança. Que maravilha, criação toda, saber-se casa de
ser celeste. De fato, mais que morada, templo sagrado. Quão digna vocação, a
dos homens: filhos e pastores da vida, de quem os criou. E assim, em canções
diferentes, ecoam anúncios jubilosos. Se os anjos entoam glórias nas alturas, a
terra é mais feliz por tê-Lo em seu colo.
Menino de Deus, do amor sem limites, bendito seja Seu nome,
escrito na pobre história, com letras de gente. Como é bom saber e seguir
trilhas abertas pelos seus passos. Seja outra vez, Senhor, eis uma súplica, o
desajuste das onipotências, de quem se fechou no próprio egoísmo. Seu choro,
agora, em lágrimas de tantos, provoque de novo um sim solidário. Bom amigo, que
a indiferença da pressa desumana do lucro capital dê lugar ao encontro de mãos.
Não seja a infância indefesa, banida, sem pão ou guarida. Pequeno Jesus, de
todos os presentes, importa mais a felicidade de simples tamanho. E que a distância
grande entre pobres e ricos, em cada Natal, seja diminuída pela luz acendida no
coração de quem crê.
Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. / Superior da
Província Redentorista do Rio
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