Estimado(a) irmão(ã), em todos os tempos precisamos reconhecer as graças de Deus em nossa vida. Novembro caracteriza-se, liturgicamente, pela coroação de Jesus como Rei do Universo. Essa festa tem muito a nos dizer, pois engloba realidades que estão em nosso mundo interior e situações com as quais lidamos diariamente.
O mês é inaugurado com o dia de Todos os Santos, quando nós, que também somos chamados à santidade, festejamos todas as pessoas que passaram pelo mundo e se santificaram. Deus conhece profundamente o ser humano, nós às vezes nem nos conhecemos direito, quanto mais aos outros. A Igreja reservou esse dia para homenagear todos aqueles que chegaram à maturidade na fé, depois de terem conseguido se reconciliar amorosamente com quem tiveram a oportunidade de conviver na terra.
A celebração de Finados coloca em questão a forma com que lidamos com a morte. Em nossa sociedade, por exemplo, onde tantos morrem por falta de atendimento médico ou por acidentes em rodovias, a morte do indivíduo vira estatística. Em meio às guerras de tráfico ou ingestão de drogas, a morte parece banal. Nesse sentido, os pesadelos da infância sobre a morte viraram realidade. Entretanto, se entendermos o mistério da morte como travessia para a plenitude, aí sim poderemos vê-la com serenidade. Trata-se da total pacificação, liberdade plena, gozo eterno, diante do olhar amoroso do Criador.
O salmista canta: “Que poderei retribuir ao Senhor, por tudo aquilo que ele me fez”. Na festa de Ação de Graças, comemorada no dia 20, o mesmo dia da Consciência Negra, somos lembrados que tudo o que recebemos e temos vem de Deus. É hora de agradecer e rendar graças àquele que nos deu um mundo maravilhoso para a gente administrar e desfrutar. Quando digo “a gente” me refiro a todo ser humano. Cada vez mais é preciso tomar consciência de que, para além das diferenças físicas, somos iguais, filhos do mesmo Pai.
Coroar Jesus como Rei do Universo significa reconhecer que o filho de José, um simples carpinteiro, e de Maria, “dona de casa”, é santo, ou seja, a santidade consiste em saber viver com dignidade em meio às lidas diárias. Esse mesmo Jesus morreu de forma trágica para os seus discípulos e todos aqueles que o amavam e o seguiam. Entretanto, para o Império Romano, ele se tornou mais um na estatística; para as autoridades judaicas, menos um para conscientizar o povo acerca da igualdade que existe entre judeus e gregos, pobres e ricos, homens e mulheres, graças a bondade do Pai, que ama a todos sem distinção.
Coroar Jesus é reconhecer, com enorme gratidão, a presença de Deus entre nós. Jesus tem o seu trono na cruz. Ele reina em meio aos crucificados de nosso tempo. Vale lembrar que, para nos arrancar do Calvário em que vivemos, Cristo nos ofereceu a sua mãe, como companheira e medianeira de todas as graças.
Assim, encerramos o Tempo Comum da Igreja, louvando e agradecendo pelas graças que nos são concedidas o ano todo.
Pe. Luis Carlos de Carvalho Silva, CSsR
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