A obra de Santo Afonso é de rica em citações sobre os atributos da Mãe de Jesus, "elevada em dignidade de Mãe de Deus". Encontra-se na parte I do livro a explicação da Salve Rainha, que tem como autor Hermano Contracto (1054), monge beneditino do convento de Reichenau, no largo de Constança. Em 1239 o Papa Gregório IX introduziu este cântico nas Igrejas de Roma. No começo o hino dizia: Salve Rainha de Misericórdia. No século XVI foi introduzida a palavra mãe. Desde então se lê no Breviário romano: Salve Rainha, mãe de misericórdia.
Maria é Rainha
Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que de todos seja honrada com título glorioso de Rainha. Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz S. Bernardino de Sena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. Se a carne de Maria, concluiu Arnoldo, abade, não foi diversa da de Jesus, como, pois, da monarquia do Filho pode ser separada a Mãe? Por isso deve julgar-se que a glória do reino não só é comum entre Mãe e o Filho, mas também que é a mesma para ambos.
Se Jesus é Rei do universo, do universo também é Maria Rainha, escreve Roberto, abade. De modo que, na frase de S. Bernardino de Sena, quantas são as criaturas que sevem a Deus, tantas também deve, servir a Maria. Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do céu e da terra, porque tudo está sujeito ao império de Deus
Maria é Rainha de Misericórdia
Maria é, pois, Rainha. Mas saibamos todos, para consolação nossa, que é uma Rainha cheia de doçura e de clemência, sempre inclinada a favorecer e fazer bem a nós, pobres pecadores. Quer por isso a Igreja que a saudemos nesta oração com o nome de Rainha de Misericórdia. A magnificência dos reis e rainhas consiste em aliviar os desgraçados, diz Sêneca. Enquanto que os tiranos governam tendo em vista seu interesse pessoal, devem os reis procurar o bem de seus vassalos.
Devem, pois, os reis principalmente empregar-se nas obras de misericórdia, mas em omitir, quando necessária, a justiça para com os réus. Não assim Maria. Bem seja Rainha, não rainha de justiça, zelosa do castigo dos malfeitores. É Rainha de Misericórdia, inclinada só a piedade e ao perdão dos pecadores. Por isso quer a Igreja que expressamente lhe chamemos Rainha de Misericórdia.
Maria é Rainha da Misericórdia até para os mais miseráveis
Podemos, porventura, temer que Maria desdenhe empenhar-se pelo pecador, poe vê-lo tão carregado de pecados? Ou acaso nos devem intimidar a majestade e a santidade desta grande Rainha? Não, diz o Papa S. Gregório; porque quanto ela é mais excelsa e mais santa, tanto é mais doce e mais piedosa para com os pecadores, que se querem emendar e a ela recorrem.
Nela não há nada de terrível e severo. É toda benigna e amável para os que a procuram. Maria não só dá quanto lhe pedimos, mas ela mesma nos oferece a todos nós leite e lã. Leite de misericórdia para animar-nos à confiança, e lã e refúgio para nos defender dos raios e da justiça divina.
Fonte: "Glórias de Maria", S. Afonso de Ligório. Ed. Santuário
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