segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SÃO GABRIEL, SÃO RAFAEL E SÃO MIGUEL - 29 de setembro



Hoje é dia de São miguel, São Gabriel e São Rafael, arcanjos.  As Sagradas Escrituras falam desses anjos e lhes dá o nome que lhes determina a missão.  Miguel quer dizer; "Quem é como Deus?" A ele se atribui a vitória divina sobre o demônio e os anjos maus.  Gabriel quer dizer "aquele que está diante de Deus".  A ele é atribuído o anúncio a Maria sobre a encarnação do Verbo.  Rafael quer dizer "Deus cura".  A ele são atribuídas a condução e a cura de Tobias.

São Miguel, São Gabriel e São Rafael são modelos angélicos de serviço a Deus e aos homens, como resposta à soberana vontade divina, tudo fazendo para a maior glória de Deus.



Fonte: "Nossos Santos de Cada Dia", Dom Edson de Castro Homem, Ed. Casa da Palavra

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - A PALAVRA, E AS PALAVRAS...


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1, 1). É desta forma que se inicia o quarto evangelho, o de João, recordando-nos que a palavra é sempre uma força criadora, dinâmica, libertadora. Cristo é a palavra pronunciada pelo Pai, encarnada no meio de nós, humanidade vulnerável e mortal, mas ao mesmo tempo, palavra que continua viva a atual para aqueles que se deixam guiar pelo Espírito. Neste mês em que somos convidados a refletir, de maneira toda especial, sobre a Palavra de Deus, fico a pensar no cotidiano de nossa vida, em que a todo o momento a palavra está presente, se faz presente. Experimentamos no dia-a-dia das relações humanas os diversos tipos de palavras, algumas que nos enchem de vida e alegria, e outras que nos entristecem e decepciona. Todas as nossas relações são permeadas por elas. Como enumerá-las? Palavras de ânimo e fortaleza; luz e sombras; medo e ousadia; fragilidade e cura; etc. Todas têm um surpreendente poder de nos tocar, positiva ou negativamente. E claro, cada uma contém o seu próprio sabor!

Somos convidados a pronunciar palavras que constroem, que rompem com o silêncio da indiferença e com o barulho e confusão das “Babéis” do cotidiano. Sabemos que a comunicação humana é imperfeita, sempre há ruídos, dissonâncias, incoerências que impedem um diálogo vivificador. Talvez, a Palavra de Deus tenha essa força sempre atual e interpeladora, porque tecida nas experiências humanas marcadas por tantas vicissitudes. Não é uma comunicação qualquer, mas é algo que realmente tempera a vida daqueles que se deixam tocar por ela, como bem nos recorda a Escritura: “A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram, e até onde as juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos” (Hb 4,12).

Como seria bom se a nossa comunicação com o outro sempre fosse um “Kérygma”, um anúncio cheio de ressurreição, de sabor de vida, como sentiram aqueles que foram evangelizados pelos apóstolos.  Tantas vezes perdemos tempo com “conversa fiada”, como comumente se diz, e somos incapazes de oferecer uma palavra de qualidade, que permaneça na memória de nossos interlocutores, e os faça pensar ou rir, ter esperança e alegria, com a sensação de estar escutando-a pela primeira vez. Quando conversamos com nossos amigos, vivemos o mistério da palavra, capaz de se tornar partilha gostosa e prazerosa de nossa caminhada. A palavra também nos permite sentir a presença, de nos acercarmos de nossos amigos, mesmo diante das distâncias físicas que nos separam. Impossível não recordar as palavras pronunciadas pelos amantes, cheias de carinho e afeto, demonstrando todo contentamento pelo amor vivido juntos.

Benditas são as palavras que se fazem vida em nossas vidas e benditos somos nós, porque pelo dom da fala, construímos relações, partilhamos a vida, degustamos o sabor das inúmeras palavras que marcam nossa existência, a amizade, o amor, a fé, a esperança, a alegria...! Que neste mês de setembro, possamos nos tornar mais íntimos da Palavra por excelência, a Bíblia, e que deixemos “a boa nova andar nos campos da nossa existência”:

“O Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo”

Is 50, 4

Rodrigo Costa e Evelyn Caroline
Rodrigo, noviço da Província do Rio(CSsR)
Evelyn, noviça da Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - EXPERIÊNCIA FILIAL CRISTÃ



“E, aqui na terra, a ninguém chameis de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus.”   (Mt 23, 9)

Em toda sua vida, Jesus dirigiu-se a Deus como Pai, de modo que a experiência filial participou do conteúdo programático de toda sua existência. Os Evangelhos relatam, em diversos momentos, as atitudes de reverência do Filho em sua profunda intimidade com o querido Abbá. Seja na oração silenciosa ou no cotidiano operante, tal relação foi visivelmente norteadora de um evento salvífico, de um encontro profundo entre Deus e a humanidade. Parceria feliz, geradora de eternidade. Aliança que revela o sonho mais belo de que tudo deve estar dirigido ao Criador que ama, que salva e que santifica. E o que diz tal experiência aos tempos atuais?

Certamente, é urgente resgatar essa dimensão filial de toda criatura, principalmente daqueles que são chamados, de maneira privilegiada, à condição de filhos no Filho. Que os seres humanos são dotados de liberdade, de inteligência, de poderosas forças, disso ninguém duvida. Todavia, sua liberdade pode andar por escolhas danosas, não redimidas. Como são injustificáveis as posturas arrogantes, de senhorio violento, de posse de um dom tão maravilhoso, da manipulação para interesses estreitos e narcisistas da fonte partilhada para todos! É triste, nos diversos focos de conflitos, sentir o amargo fel da destruição estampado em tantos descasos para com a natureza, nas incontáveis mortes violentas de tantos irmãos. Cenários tão constantes que em muitos já nem causam indignação. Lamentável! Sem a reverência ao Senhor de tudo, em Jesus nomeado como paizinho querido, os danos serão incomensuráveis, ainda mais quando a razão científica, altamente tecnológica, goza de tantos poderes, elegendo-se como única instância decisória.

Sereis irmãos, assim fica decretado! É mandamento novo. Saída ímpar, sem escusas. Ideal distante, impossível? De alguma maneira, desafio grande, que deve ser enfrentado sem ingenuidades. No entanto, é sol que clareia os dias. Horizonte aberto, interpelação contínua. É somente assim que a condição humana finita poderá, ainda, sonhar com algum tipo de paraíso. Quando o “nós” for banido das culturas, das nações, a autodestruição tomará seu cobiçado lugar. É preciso, pois, exorcizar qualquer tipo de pessimismo e apressar-se em dar as mãos aos que, dia-a-dia, estão mergulhados no amor fraterno. Há muita gente boa, de forma maravilhosa, reinventado as relações, criando redes de solidariedade, ajudando comunidades a degustarem o sabor da irmandade. Isso sim, vale a pena; parece com Jesus, redentor. Essa construção, o amor de Deus vivido no cotidiano fraterno, é morada segura do Pai, santuário divino. Não precisa invejar nenhum grande templo.

Pe. Vicente de Paula Ferreira, CSsR - Superior da Província do Rio de Janeiro



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - IMPORTÂNCIA DO SEMINÁRIO



Seminário significa sementeira. Semeadura de vocações sacerdotais. É meio institucional educativo de formação e de educação, remota e imediata dos futuros padres. Por extensão, de bispos a serviço do Povo de Deus.  Além da seleção dos candidatos, tem como objetivo a formação intelectual, espiritual e pastoral dos mesmos. Em síntese, esta é a importância do seminário.

 Entretanto, é preciso situá-lo na sua origem tridentina, no contexto eclesial e social daquela época de mudanças profundas e incontroláveis contra o regime da cristandade, único até então conhecido. Parecia urgente aos bispos e ao Papa reformar a Igreja “na cabeça e nos membros”, como se dizia e como advertiam e solicitavam homens e mulheres, santos e santas, que sentiam e sofriam com a situação da Igreja. Precisava de instituição formativa que fosse sólida, permanente e universal para os nobres fins propostos. No parecer comum, sem o seminário não seria possível sacerdotes virtuosos, santos e abnegados, voltados somente para sua missão pastoral e santificadora.

 Dentro desta perspectiva, tratava-se não de contrarreforma, como ainda se diz em livros de História, para enfrentar o perigo e o aumento do protestantismo, mas de reforma católica autêntica e pertinente. A tão desejada e, em grande parte, já empreendida por fundadores de ordens e de congregações religiosas, masculinas e femininas. Muito devemos a eles e à aplicação do Concílio de Trento, o que equivale dizer à ereção de seminários menores e maiores para a formação do clero.

 Além dos apelos internos, havia as pressões externas, ou seja, a política e o interesse dos príncipes e reis, e as rupturas dolorosas causadas pelo protestantismo devastador. Logo mais tarde, também pelo anglicanismo. Quase que de surpresa e de impacto, se não considerarmos as causas remotas internas, rompera-se a unidade eclesial e social e política e econômica da cristandade. As mudanças rápidas e violentas tiveram desdobramentos dramáticos. Geraram disputas fratricidas e lutas religiosas, inclusive no campo da interpretação das Escrituras e da fé. Parecia o caos, solapando a ordem. A “túnica inconsútil” do Salvador, mais uma vez, era lançada no jogo de interesses para ver com quem ficava alguma parte, interesses mundanos misturados aos de genuína purificação.

 No Brasil, devido ao regime do padroado a unir a Igreja ao Império, o protestantismo não vingou desde a colonização. Entretanto, a reforma tridentina só entrou de cheio com a proclamação da República pela separação da Igreja e do Estado. Veio com atraso. Significa que o clero da colônia e do império não era formado, segundo os ideais da reforma católica. Faltavam seminários que respondessem às necessidades. Os padres entregavam-se ao ministério, após sucinto e talvez defeituoso estágio de preparação, no paço episcopal ou junto a um sacerdote. A preparação intelectual acontecia em colégios dos jesuítas que, como sabemos, eles foram expulsos pelo Marquês de Pombal.  Só os que vinham de famílias abastadas estudavam na Universidade de Coimbra. Além disso, faltava programa de estudos, experiência pastoral e formação do caráter e da vontade.

 Portanto, a importância da fundação do Seminário do Rio de Janeiro, o primeiro do Brasil, explica-se igualmente pelo contexto nacional e internacional da época. Não só por sua nobre finalidade. Havia ainda desestímulos, entre os quais a falta de recursos humanos e financeiros. Havia a extensão diocesana, entregue a um bispo só com poucos padres: o litoral brasileiro, desde a Bahia até os confins do Rio da Prata.

 Dom Frei Antônio de Guadalupe, OFM, quarto bispo da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, enfrentou tamanhas dificuldades ao fundar o Seminário São José¹.  Portanto, com o Seminário celebramos não só o passado em tantos anos. Celebramos o presente. Celebramos o futuro que vem chegando. A recordação é festiva e agradecida. Também empenhadora diante do legado desafiador de formar e educar sacerdotes, para o mundo contemporâneo, no espírito renovador e dialogante do Concílio Ecumênico Vaticano II. Com a graça de Deus e o estímulo da história!

¹ (O Seminário São José completou 275 anos em 2014)

Dom Edson de Castro Homem

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do RJ
Assistente Eclesial da Legião de Maria junto a CNBB






segunda-feira, 15 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - NOSSA SENHORA DAS DORES 15 de setembro



Hoje é dia de Nossa Senhora das Dores. Trata-se de contemplar a união de Maria  com a missão de seu Filho até a morte. Simeão havia predito que o Filho de Maria seria "um sinal de contradição e que seu coração materno seria transpassado pela espada da dor."

Vemos Maria no sofrimento da fuga para o Egito, na perda do Menino Jesus aos 12 anos, durante a peregrinação na Cidade Santa. Nós a vemos participando do sofrimento das calúnias, da incompreensão e da rejeição durante a vida pública de seu Filho. Nós a vemos, sobretudo, na Via Sacra de toda a Paixão até a morte na cruz e o sepultamento, em absoluta desolação.

Vemos Maria especialmente na cena narrada por João.  Ela permanece de pé junto à Cruz, mártir no coração e na alma, associada sofrimento de Jesus.

Nossa Senhora das Dores é modelo de nossa piedade, compaixão e configuração com cristo e com todos os que sofrem. A seu exemplo, carregamos nossa cruz e aliviamos a cruz dos outros, no seguimento  e na imitação de nosso Mestre, com fé, esperança e amor.


Fonte: "Nossos Santos de Cada Dia", Dom Edson de Castro Homem, Ed. Casa da Palavra

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - SANTÍSSIMO NOME DE MARIA 12 DE SETEMBRO




Hoje é também o dia do Santíssimo Nome de Maria.  O nome é proveniente de Miryam, em hebraico, a significar "a excelsa".  Dizem as Escrituras: "E o nome da virgem era Maria." O nome identifica a pessoa e sua missão. A festa, de origem espanhola, existe desde 1513.  Em 1683, o Papa Inocêncio XI a estendeu a toda a Igreja no Ocidente.


Fonte: "Nossos Santos de Cada Dia", Dom Edson de Castro Homem, Ed. Casa da Palavra

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - " O AMOR NÃO OLHA SE ALGUÉM TEM O ROSTO BELO OU FEIO: AMA!"




Na Missa celebrada nesta terça-feira, 09, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco disse aos presentes que Jesus está no meio do seu povo e se deixa tocar para curar.

Refletindo os três momentos da vida de Nosso Senhor, o Santo Padre afirmou que o primeiro deles é a oração, quando Ele passa "toda a noite rezando a Deus" e sendo assim, "o grande intercessor":

"Ele está diante do Pai neste momento, rezando por nós. E isto deve nos encorajar! Porque nos momentos difíceis, de necessidade e de tantas coisas. É a sua missão hoje: rezar por nós, pela sua Igreja. Nós nos esquecemos disso com frequência, que Jesus reza por nós. Esta é a nossa força.

O Papa lembrou que Jesus reza desde o primeiro momento, quando estava na terra e continua a rezar agora por cada um de nós e por toda a Igreja.

Logo depois, o Pontífice abordou o episódio em que Nosso Senhor escolhe os 12 apóstolos que o seguiriam pregando o Evangelho. Para ele, assim como os seguidores de Cristo, somos escolhidos por Ele a partir do momento em que somos batizados.

"Essas são coisas de amor! O amor não olha se alguém tem o rosto belo ou feio: ama! E Jesus faz o mesmo: ama e escolhe com amor."

Segundo Francisco, o Filho de Deus se mantém próximo do povo e muitos vão ao seu encontro "para ouvi-lo e serem curados de suas doenças", pois d'Ele, sai uma força que pode curar a todos.

"Não é um professor, um mestre, um místico que se afasta do povo e fala da cátedra. Não! Está no meio do povo; se deixa tocar; deixa que as pessoas perguntem. Assim é Jesus: perto do povo", assinalou.

Concluindo sua homilia, o Papa fez mais apontamentos acerca do amor misericordioso de Jesus por nós:

"Assim é o nosso Mestre, assim é o nosso Senhor: alguém que reza, alguém que escolhe as pessoas e alguém que não tem vergonha de estar próximo do povo. E isso nos dá confiança n'Ele. Confiamos n'Ele porque reza, porque nos escolheu e porque está próximo de nós." (LMI)



            Terça-feira, 09-09-2014,

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA - 8 DE SETEMBRO



Hoje é dia da festa da Natividade de Nossa Senhora.  Celebrar o nascimento de Maria com uma festa própria significa reconhecer que, ao nascer aquela que seria a Mãe de Jesus, Deus começa a pôr em prática seu plano de salvação.

A natividade da Virgem é, portanto, o anúncio da proximidade da nossa redenção, assim como a aurora precede ao sol.

Crer nos preparativos da encarnação, mediante o nascimento de Maria, concebida sem o pecado original, significa acreditar que tudo nela é graça, o que possibilita a cooperar intimamente com a obra de seu Filho a nosso favor.

Alegremo-nos, pois, com o nascimento da Virgem Maria, da qual nasceu Jesus, nosso Senhor e Redentor.

Fonte: "Nossos Santos de Cada Dia", Dom Edson de Castro Homem, Ed. Casa da Palavra

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - BÍBLIA: VOCÊ DENTRO DA HISTÓRIA



Quando estudei a História do Brasil, enxergava os personagens – Cabral, Tiradentes e os demais – como gente tão distante, que pareciam não ter nada a ver comigo. Só mais tarde entendi que o brasilei­ro de todos os tempos faz parte de uma só e mesma caminhada. E que, portanto, estamos conti­nuando uma história de 500 anos, que é a nossa história!

   A mesma experiência você deve sentir ao pensar na Histó­ria da Salvação, que encontra na Bíblia. Por que somos chamados “discípulos missionários”? Não será porque no final da história bíblica saem de cena Jesus e os Doze com seus auxiliares, entran­do em ação a Igreja dos séculos sucessivos, até chegar a nossa vez de cumprir a mesma missão de receber e propagar a fé?

Sim, estamos continuando a História da Salvação. Os aconte­cimentos dessa História ressoam em nossas vidas. Os dois Tes­tamentos – Antigo e Novo – são o começo da nossa história, a história da nossa família cristã, e por isso devemos reviver os fatos bíblicos como que tomando parte neles. Isto é bem fácil nas grandes datas do Cristianismo, como Na­tal e Páscoa. Mais do que apenas recordar, vivemos aqueles misté­rios colocando-nos dentro deles.

A catequese litúrgica da Vigília Pascal nos insere com rara feli­cidade no evento da Páscoa he­braica e da Páscoa de Cristo. O que Deus fez pelos personagens bíblicos, continua fazendo para nós hoje. É o que afirmou Santo Agostinho: “Vós todos que renun­ciastes ao mundo do mal, reali­zastes também vosso êxodo”.

Dt 6,20s esclarece o que que­ro dizer: “E amanhã, quando teu filho te perguntar: ‘Que significam estas leis e estes costumes...?’ Responderás: ‘Éramos escravos do faraó no Egito, mas Javé nos tirou do Egito com mão podero­sa...’”. Repare nesta resposta do pai, que se repete nas páscoas judaicas até hoje. Não diz “nossos pais eram escravos”, mas “éra­mos escravos”; não diz “Javé os tirou”, mas “Javé nos tirou”, atuali­zando o fato para incluir a presen­te geração, o mundo atual.

   Isto é um convite para a gente adentrar a história bíblica como se estivesse dentro dos fatos narra­dos. Experimente sentir-se como um dos caminheiros guiados por Moisés, como um dos construto­res do templo de Jerusalém, como um exilado em Babilônia, como um ouvinte do profeta Jonas em Nínive, como um fiel perseguido no tempo dos Macabeus, como alguém presente ao Sermão da Montanha, como membro de uma comunidade fundada por Paulo... Dê asas à sua imaginação. E per­gunte: O que eu faria nessas vá­rias situações? É um modo bem atual de ler a Bíblia.


Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.

Rio de Janeiro, RJ – Setembro/2014

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA – PAPA FRANCISCO: CRISTÃO TÉPIDO



Hoje, o Papa Francisco inspirou-se nas palavras de Paulo que, em sua Primeira Carta aos Coríntios, convida aqueles que se julgam sábios a “tornarem-se loucos para serem sábios, pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus”.

“Paulo – disse o Papa- nos diz que a força da Palavra de Deus, aquela que transforma o coração e muda o mundo, que nos dá esperança e nos dá a vida, não está na sabedoria humana: não está em belas palavras ou na inteligência do homem, não! Isto é loucura”, diz ele.

A Palavra de Deus tem um poder transformador: "passa pelo coração do pregador". Por isso, Jesus diz àqueles que pregam a Palavra de Deus: “tornem-se loucos”, ou seja, "não coloquem sua segurança em sua sabedoria, na sabedoria do mundo".

A força da Palavra de Deus “provém de outro lugar”, isto é, do encontro com Cristo, um encontro que - disse o Papa – se realiza através de nossos pecados e da misericórdia que Deus reserva a estes. Um encontro que é o fulcro da vida cristã e, onde não há este encontro, encontramos igrejas "decadentes" e cristãos “tépidos".

Um cristão, de fato, não tem motivo para se orgulhar de suas pesquisas, de seus estudos ou de sua formação cultural, mas, como afirmam Pedro e Paulo, pode se ‘envaidecer’ por duas coisas: seus pecados e Cristo crucificado”. São Paulo em suas epístolas não transcrevia seu currículo, nem dizia que ele tinha "estudado com os professores mais importantes".
‘Eu apenas me vanglorio dos meus pecados’ diz o Apóstolo dos Gentios. Palavras que escandalizam observa Bergoglio, bem como aquelas da outra passagem: ‘Eu apenas me vanglorio em Cristo e neste Crucifixo.’

A força da Palavra de Deus, testemunha o apóstolo, está no encontro entre os meus pecados e o sangue de Cristo que me salva. “Quando não existe aquele encontro, não há força no coração”, destaca Francisco. “Quando se esquece aquele encontro que tivemos na vida, tornamo-nos mundanos, queremos falar das coisas de Deus com linguagem humana, e não serve: não dá vida.”

Da mesma forma São Pedro, como narrado no Evangelho da pesca milagrosa, fez a experiência de encontrar Cristo através de seus pecados. Ele se dá conta de sua pequenez, ajoelha-se a Seus pés e confessa: "Afasta-te de mim, porque sou um homem pecador."

Por isso, “neste encontro entre Cristo e os meus pecados está a salvação”, observa o Papa. "O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os nosso pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador e salvo pelo sangue de Cristo e por este Crucifixo é um cristão a meio caminho, é um cristão tépido”.

 Por Salvatore Cernuzio – 04/09/2014