Das
muitas e importantes coisas expressas na Evangelii Gaudium, pelo Papa
Francisco, a insistência pela construção da fraternidade é uma das mais
visíveis. Caminho que, para ser tomado a sério, deve levar em conta,
sobretudo, o amor oblativo, capaz de acolher o pobre, os sem teto, os
refugiados, os anciãos. De fato, é urgente escutar e responder a mesma
pergunta que Deus fez, nas origens, a Caim: onde está teu irmão, Abel? (Gn
4,9). Pena seria se diante de tal interpelação a resposta fosse a mesma: por
acaso sou guarda do meu irmão?!
Se a
dignidade de cada pessoa é mandamento aceito pelos que creem ou que não
creem, como dormir tranquilos quando milhões são feridos radicalmente em seus
princípios básicos de vida? A Campanha da Fraternidade 2014 traz um exemplo
triste e desafiante: o tráfico de pessoas e de órgãos. Não seria essa
realidade o cume da banalização humana? Indício de que a vida está tornando-
-se, cada vez mais, mercadoria? Que futuro esperar de um cenário destes?
Ondas de violência percorrem variados países, de diversas culturas.
Certamente, salvaguardando algumas atitudes irresponsáveis, elas
indicam vontade de mudanças. As reivindicações não são poucas. Elas tangem
melhorias na educação, na saúde; enfim, maior distribuição das
possibilidades de uma vida mais igualitária. No entanto, de fato, quem está
mesmo disposto a assumir as cruzes que as mudanças exigem?
Sim,
“é para a liberdade que cristo nos libertou” (Gl 5,1). Supõe que a frágil
existência não carrega em si mesma um destino automático para o amor. Pelo
contrário, as pulsões quando não são orientadas para destinos vitais,
facilmente explodem em cenas de violência. Por isso, é importante parcerias,
e o céu não pode faltar. Reverência ao mistério e atitudes de cuidado são
tarefas do dia a dia. Cuidadores uns dos outros é vocação primeira do homem
e, mais ainda, do cristão. De fato, cristão não nasceu para outra coisa. É
ícone da fraternidade, mesmo quando as maiores ordens culturais reforçam
posturas egocêntricas.
Não
é possível alcançar a paz se a exclusão persiste. Sem um maior interesse por
aquilo que é comum, inocente seria esperar um futuro melhor. Acolher o mais
carente é fundamental nesse processo porque é Deus mesmo que, primeiramente,
mora em nossa condição desamparada.
Pe.
Vicente Ferreira, C.Ss.R.
Superior Provincial
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Obrigada. Rezemos sempre por nossos sacerdotes, eles precisam de nossas orações, tal como precisamos rezar uns pelos outros. Façamos nossa fé mais forte!!!
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