Diferentemente da proposta dos judeus da época de Jesus, que tinham como ponto auge do ser humano a prática da justiça: “dente por dente, olho por olho”. Para Cristo o auge do ser humano é ser como Deus e agir a partir do amor gratuito e incondicional a todos.
A lei em que os judeus baseavam sua fé recomendava-os a agir sempre de forma justa: amar os amigos e odiar os inimigos (cf. Mt 5, 43). É como se quando alguém nos fizesse um mal, poderíamos por justiça, retribuir este mal na mesma medida. Para eles Deus age assim, limitado a própria justiça.
Porém, Cristo nos mostra que o Deus que ele ensina a chamar de Pai é diferente. Ele não age segundo a justiça, sua relação conosco não se baseia na justiça, mas no amor gratuito. Por isso Jesus diz que o Pai faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair à chuva sobre justos e injustos (cf. Mt 5, 45), e nós como filhos deste Pai que é amor, devemos agir como Ele: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Este é o convite feito ao cristão para conviver com seus irmãos não segundo a justiça, mas segundo o amor.
Neste mundo marcado pela injustiça, quem é justo já tem um grande mérito, já pode ser considerado “grande”. Porém, Deus deseja que avancemos mais, nós podemos ser como Deus e viver segundo o amor. Para isso é preciso amar não só os amigos, mas a todos, mesmo aqueles que nos fazem mal. “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tonareis filhos do vosso Pai que está nos céus” é o que está escrito em Mt 5,44-45.
Tornar-se filho do Pai que está nos céus, é ser como Jesus, aquele que viveu e deu a vida não só para os seus amigos, não só para os que o aceitaram, mas a todos. Inclusive, no alto da cruz, ele pediu o perdão a Deus para aqueles que estavam matando-o: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
Muitos devem estar se perguntando: Como amar alguém que me magoou profundamente e que deixou meu coração ferido? Esta é uma pergunta muito pertinente, pois quase todos vivem de alguma forma essa experiência. Porém o que Jesus nos pede está no nível da nossa ação, não no nível dos sentimentos, pois nós não temos controle sobre eles. Por mais que nossa razão queira, ela não pode controlar os sentimentos. Assim, é muito difícil, ou poderíamos dizer que é impossível que se possa cultivar sentimentos bons a alguém que nos cause magoas profundas. Mas Jesus não nos pede isso, ele nos pede algo que é possível. Seu desejo é de que a nossa conduta, ou a nossa prática seja a mesma prática de Deus: a caridade, o amor. O que ele deseja é que nossa relação com alguém que nos fere, não seja baseada na justiça, mas na caridade e no serviço. Por mais que seja justo não devemos revidar um mal. Nós devemos agir segundo o desejo de ser como Deus.
Deus é a plenitude do amor, e viver nesse amor é a plenitude do ser humano, ou seja, o ponto auge que queremos chegar: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.
Fagner Dalbem Mapa, C.Ss.R.
Fonte: http://www.sabordafe.com/